segunda-feira, 27 de dezembro de 2010



Vejo que as mensagens nas garrafas que joguei ao mar não encontraram o menino. O destino faz isso. Às vezes nos manda para ilhas muito longínquas, separados, para que nos esqueçamos quem fomos e o que poderíamos ter sido. Talvez o refluxo das ondas as tenha levado para o fundo, onde algum tubarão martelo esteja tentando quebrá-las para ver o que há dentro. Ou talvez elas tenham se arrebentado nas pontas das pedras e seus cacos rebrilhem em alguma passarela aberta entre o céu e o mar. Estou muito cansada. Corri até onde o oceano começa e a terra acaba. E quando parei, o tempo transformou tudo em areia e a água apagou as pegadas dos que me eram caros. Exceto por mim, ninguém reparou nisso que chamam de destino. E quanto às garrafas, bem, eram apenas garrafas. E as memórias mergulharam com elas para devolver o que eu nunca soube dar. Talvez o que eu pensava ter sentido, nem esteja mais lá. Águas passadas. E a felicidade nada tem a ver com isso. Se olhar em volta, há poucas razões para sentí-la, mas para buscá-la o número é infinito. (Pipa)

Nenhum comentário: