terça-feira, 29 de junho de 2010

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"E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras."

segunda-feira, 28 de junho de 2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010


Lembro da vez que pressenti que nunca mais iria voltar. Eu estava em casa, era quase sete da noite e junho terminava. Lembro do dia e do ano, mas embora fosse uma segunda-feira quero lhe contar que foi em um domingo. Os domingos são os dias mais decisivos, mais solitários e mais delicados para se escrever. Então prefiro acreditar que foi embora em um domingo, fica mais bonito assim.
Eu tomava uma xícara de café debruçada na sacada , vendo as luzes da cidade se acenderem uma atrás das outras, prédio por prédio, casa por casa, carro por carro. Ele estava no sofá mudando os canais da tevê como quem não se prende a nada. Eu lhe falava das luzes que estavam acendendo, de como era bonito e melancólico aquele laranja que vai se dispersando com o fim do dia, dando vagarosamente espaço à noite. Até que tudo foi ficando tão escuro e o café tão frio, e não reconheci mais aquele homem na sala, nem aquela cidade e caminhei perdida até um espelho: eu também já não me reconhecia.

segunda-feira, 21 de junho de 2010


E assim seguimos a nossa estrada: eu e minha esperança. Com a bagagem cheia de nada e o coração transbordante de um quase tudo. Mas andei dois passos e achei grande demais esse mundo para andarmos sós. Então chamei a menina (aquela que certo dia eu fui), daí nós três demos nossas mãos e partimos...

Viver de Amor-Chico Buarque de Hollanda

Aprendi que o amor não tem laços com a desconfiança. Amor de pai, de mãe, de irmão, amor de sangue. Outros amores até podem ser, mas outros amores que são apenas afluentes do amor que nos é oferecido incondicionalmente assim que gritamos a primeira vez para o mundo. Ou ainda mais profundo e doloroso: amor que se tornará ainda maior, ainda mais obrigatório de se levar, se a lei da vida raptar alguns de nós na medida que o tempo se estende. Na vida e na morte o amor de sangue não se dispersa, não se confunde com outro sentimento, não ameniza, não diminui com as falhas e faltas de quem amamos. É o único amor que não exige absolutamente nada para acontecer: nós nascemos e já está ali, junto, forte, encantado.
Quando ele me viu pulou do caminhão ainda com o motor ligado com o rosto como se fosse sorriso enorme. Esse foi nosso primeiro encontro!
Liguei para você. Parece que foi em um piscar de olhos que vi sua moto vermelha quase que flutuando sobre a rua até o meu encontro. Agora eu podia chorar as dores da decepção, Não tinha mais medo, voce trouxe seu amor para me embalar, me deu coragem, forças para tentar outra vez. Logo voltamos para casa, sabia que nada mais me tiraria dos cuidadosos braços que você me estendia. Passei o resto da tarde debaixo dos lençois e inconformada por não ter passado no teste da balisa. Nunca soube nada do amor, dos seus poderes, da sua grandiosidade, da sua capacidade de perdoar. Talvez eu nunca venha a descobrir. A única coisa que sei, é que voce com seu grande amor sempre estava lá me acudindo, era só chamar. Não tenho medo de morrer, mas sim de ter partido sem reconhecer esse homem que amou demais.

sábado, 12 de junho de 2010


"Não falem de um homem que amou sensatamente,
falem de um homem que amou demais"
William Shakespeare

quarta-feira, 9 de junho de 2010


Rasga esses versos que eu te fiz, amor!
Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento,
Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,
Que a tempestade os leve aonde for!

Rasga-os na mente, se os souberes de cor,
Que volte ao nada o nada de um momento!
Julguei-me grande pelo sentimento,
E pelo orgulho ainda sou maior!...

Tanto verso já disse o que eu sonhei!
Tantos penaram já o que eu penei!
Asas que passam, todo o mundo as sente...

Rasgas os meus versos... Pobre endoidecida!

Como se um grande amor cá nesta vida
Não fosse o mesmo amor de toda a gente!...

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"